Pressão no peito, tensão muscular, frequência cardíaca alta, respiração curta, hipervigilância e flashbacks repentinos a cada estímulo que o faz lembrar do abuso sexual que sofreu na infância… não tem como escapar, pra onde fugir… é isso que uma pessoa sente quando experimenta um trauma significativo como o abuso sexual. Ficam presos na resposta ao estresse por toda a sua vida, até que inicie um trabalho de recuperação traumática para ser verdadeiramente resolvido.
Nem sempre são as lembranças do passado os estímulos diretos para os sobreviventes, uma criança gritando ou um barulho alto possa não ser um evento estressante, mas a mente do sobrevivente pensa nisso como um evento de vida ou morte e o corpo responde de acordo, mantendo sinais e sintomas bastante característicos.
A terapia ajuda na reintegração da mente e do corpo e incluir exercícios de respiração como forma de aterrar no momento presente produzem maior eficácia na recuperação traumática.
A respiração é uma das melhores ferramentas que existem, tanto pelos seus benefícios neuromodulares fornecendo resultados rápidos e atingindo o sistema nervoso autônomo trazendo calma, relaxamento e organização mental, quanto pela sua facilidade, já que está presente como o sobrevivente o tempo todo.
O sistema nervoso simpático ou mais conhecido como resposta de luta ou fuga é ativado a partir de uma situação extremante estressante, como os abusos sexuais que os sobreviventes sofreram.
Essa resposta é frequentemente ativada ao longo de suas vidas. E isso pode acontecer em qualquer lugar. De pé em uma fila, cheirando uma flor, ouvindo música… Suas percepções sensoriais são ampliadas e absolutamente tudo pode retraumatizá-los. Ocorre de forma automática, inconsciente, o que aumenta o ritmo da respiração, como uma resposta aos estresse.
Quando a respiração diminui, o corpo segue o mesmo ritmo. O sistema nervoso simpático literalmente ‘sai de férias’ deixando o sistema nervoso parassimpático ajudar o corpo a se recuperar e se acalmar.
Ensinar exercícios respiratórios para os nossos pacientes sobreviventes auxilia diretamente na regulação emocional, que é um elemento-chave no trabalho com trauma.
Aqui vai um exercício de respiração como uma estratégias de aterramento, simples e
fácil de fazer:
o Oriente o sobrevivente a fazer SEIS respirações por minuto. O que significa UMA respiração completa por 10 segundos, 5 segundos para inspiração lenta e 5 segundos para expiração lenta. Respirando pelo nariz e soltando o ar pela boca.
Você pode fazer junto com ele em todas as sessões, no início e no fim de cada sessão e, como tarefa de casa 😉
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Eu sou a Jeniffer Tavares, sobrevivente do abuso sexual. Psicóloga e Especialista no Trauma do Abuso Sexual. Conheça os meus cursos e formações:
CITAS – a Formação em Cuidados Informados no Trauma do Abuso Sexual